Entendendo o Estresse
“Em nossa consciência, não existem apenas as forças de desconstrução, existem também as capacidades de síntese, união e coesão" - Hugo Lapa, 2016
A palavra “estresse” se origina do inglês “stress” e pode ser traduzido como: tensão, pressão, dificuldade, importância, salientar, insistência.
E, esta palavra vem se tornando cada vez mais popular em nosso cotidiano. Expressões como “estou estressado”, “não se estresse” são ouvidas como sinônimos de “estar nervoso”, ou seja, quando alguém demonstra sinas de irritação, impaciência, agressividade, etc.
Embora, estes sinais estejam presentes no quadro de estresse, é importante saber que não são suficientes para explicar a complexidade desta doença.
A importância deste tema tem favorecido uma grande quantidade de pesquisas e artigos em todo o mundo, e os resultados convergem na conclusão de que o estresse resulta de uma cadeia imensa de eventos fisiológicos e mentais que se não forem tratados adequadamente, causam às pessoas sérios danos saúde.
Uma amostra desta realidade é o fato de que “aproximadamente 50 a 75% de todas as consultas médicas estão direta ou indiretamente relacionadas ao Estresse. ” (Ballone, 2015).
As primeiras indicações científicas sobre a relação entre estresse e saúde, surgiram 1936, através dos trabalhos do médico húngaro-canadense Hans Selye, (1907 – 1982). Foi ele o primeiro cientista a usar o termo “stress” descrevendo-o como:
“Um esforço de adaptação do organismo para enfrentar situações que considere ameaçadoras a sua vida e o seu equilíbrio interno. ”
Segundo ele, o estresse, ou Síndrome Geral da Adaptação (SGA) é caracterizado pela existência de três fases: Alarme, Resistência ou adaptação, e exaustão, que descrevemos a seguir:
Fase 1. Reação de alarme:
Decorrente da ativação do sistema nervoso simpático.O cérebro prepara o corpo enfrentar o desafio ou a ameaças reais ou imaginárias.
Nesta etapa ocorrem as alterações fisiológicas que aumentam sua força e vigor e atenção, preparando você para lutar ou fugir do perigo.
Fase 2. Resistência, ou adaptação:
O corpo mantém-se ativado. Ocorre uma excitação fisiológica mais elevada o que o normal.Durante este estágio o organismo adapta suas reações para suportar os estímulos estressores por mais tempo.
Fase 3. Exaustão:
O organismo é mantido ativado por um período mais longo do que aquele que consegue suportar.
Neste estado de esgotamento, haverá queda acentuada da capacidade adaptativa, e o organismo entra em exaustão tornando-se vulnerável.
Um conceito bem atual nos define o estresse como um:
“Conjunto de reações fisiológicas necessárias para a adaptação a novas situações geradas por um elemento estressor”. (Labs, 1997).
Entendendo “agente estressor” como um estímulo o capaz de provocar o aparecimento de um conjunto de respostas orgânicas, mentais, psicológicas e/ou comportamentais. (Margis e cols, 2003). Por exemplo, a raiva, paixão, tristeza, medo, cansaço, preocupações, entre outros.
Uma observação importante, é que, segundo esta conceituação, o estresse não é necessariamente algo negativo. Ao contrário, é um agente protetor, que nos beneficia em muitas situações de nossa vida.
Estresse positivo (Eustress) X Estresse negativo (Distress)
Primeiramente, vamos entender melhor os aspectos do estresse positivo.
Explicando: Todos os dias passamos por algum momento de estresse. Comprar uma casa, casamento, um novo emprego, entre outros, são exemplos. Segundo especialistas, a vida se tornaria monótona sem o estresse proveniente dos desafios das exigências diárias, e na superação de frustrações. O estresse positivo é o estresse em sua fase inicial, a do alerta. O organismo produz adrenalina que dá ânimo, vigor e energia, ajudando a pessoa a produzir mais e ser mais criativa (Carvalho, 2014)
Vamos destacar agora aspectos proporcionados pelo estresse em sua fase positiva:
Pensamentos positivos
Resistência às doenças
Lucidez mental
Relações humanas adequadas
Alta produtividade e criatividade
Enfim, o estresse positivo pode nos ajudar em nossas atividades diárias.
Estresse negativo (Distress)
Conforme comentamos, podemos dizer que o estresse faz parte da nossa vida. Todos nós vivenciamos situações como:
Expectativa de um emprego novo tão desejado;
Busca por aprovação;
Expectativa de uma promoção;
Trânsito caótico; falta de lazer;
Contas a pagar; salário congelado;
Competição intensa, entre outros.
Como o estresse positivo transforma-se em estresse negativo?
Ocorre que, após o termino do estímulo, o corpo deverá retornar, sem prejuízos, à condição anterior. Na verdade, este esforço de adaptação frente à situação desafiante, “não poderá ultrapassar 24 horas. ” (Ayres e cols., 2015)
Desta forma, ao permanecer neste estado de alerta, o nosso sistema nervoso autônomo passa a agir como se estivesse enfrentando uma situação de ameaça à vida, favorecendo o aparecimento de sobrecarga no funcionamento dos nossos órgãos.
Consequências:
Ocorre uma queda na capacidade de pensar, de lembrar e de agir, como também na capacidade de resposta do sistema imunológico, possibilitando a o surgimento de doenças graves. (Carvalho, 2014).
Sinais de alerta do estresse negativo:
Cognitivos
Incapacidade de se concentrar
Vendo apenas o lado negativo das coisas
Ansioso ou pensamentos recorrentes
Físicos
Náuseas, tonturas
Dor no peito, batimento cardíaco rápido
Perda de libido
Resfriados frequentes
Emocionais
Problemas de memória
Incapacidade de se concentrar
Vendo apenas o negativo
Ansiedade, mau humor, irritabilidade
Constante preocupante
Agitação, incapacidade de relaxar
Comportamentais
Comer mais ou menos
Dormir demais ou muito pouco
Isolar-se dos outros
Procrastinar ou negligenciar as responsabilidades
Usando álcool, cigarros ou drogas para relaxar
Nervosos hábitos (por exemplo, roer unhas, estimulação)
Entretanto, há um fato que os pesquisadores já sabem. Cada indivíduo reage de forma diferente aos estímulos estressores. E, que não é exatamente a gravidade do evento que conta, mas também “a conjunção de fatores ambientais e genéticos (Margis e cols., 2003). Em outras palavras, um evento ameaçador para uma pessoa, pode não representar pouco estressor para outra.
Lidando com estresse
É possível aprendermos a gerenciar o estresse diário?
Sim, podemos interferir em nossos comportamentos, e esta crença é fundamental para obtermos uma vida mais saudável.
Inicialmente, podemos afirmar que uma forma de iniciar o controle do estresse, é reconhecer que precisa buscar ajudar profissional.
Também alertamos para alguns comportamentos que apenas agravam o estresse ao invés de ajudar:
Beber e comer muito para relaxar ao final de um dia cansativo
Ficar diante da TV ou computador por horas,
Tomar comprimidos para relaxar.
Algumas dicas saudáveis para lidar com o estresse
Você poderá controlar seu estresse da seguinte maneira:
Vivendo e não sobrevivendo
Organizando seu tempo, ele pode ser seu amigo,
Diminuindo os compromissos
Gostando da vida, valorizando-a,
Não se desgastando em uma só tarefa,
Procure ocupações em que se sinta bem,
Acredite em suas potencialidades, não tema ser criativo,
Buscando o equilíbrio entre trabalho e lazer.
Reservando tempo para si mesmo (faac.unesp)
No trabalho
Não leve trabalho para casa.
Lembre-se: Ao sair do trabalho, deixe as preocupações profissionais dentro da gaveta.
Não queira resolver tudo sozinho. Delegue.
Acredite: quando estamos sob tensão, até as tarefas simples parecem insuportáveis.
Fora do trabalho:
Procurar se desligar de suas tarefas de trabalho, é uma regra básica.
Converse com seus familiares, amigos, veja um filme....
Procure sair coma família aos finais de semana, prática de algum esporte, ir a um parque,
Experimente técnicas de relaxamento.(faac.unesp)
Outras mudanças no estilo de vida para lidar com o estresse
Técnicas de relaxamento:
Relaxe, relaxe, relaxe
Em meio à agitação da vida quotidiana, às vezes nos esquecemos de cuidar de nós mesmos.
O relaxamento rejuvenesce o corpo, mente e espírito e nos deixa mais bem preparados para lidar com situações estressantes, quando elas surgem.
Tente encontrar algo que você goste possa fazê-la todos os dias. (White, 2016)
Exercícios Físicos
O exercício regular é um antídoto contra a depressão mental. A aptidão física melhora o estado de espírito, a autoimagem e a desempenho das pessoas em suas atividades.
Tenha uma dieta saudável
Um corpo bem nutrido está mais bem preparado para lidar com o estresse. Comece o dia com um café da manhã saudável, reduza a sua ingestão de cafeína e açúcar, adicione muitas frutas e legumes frescos, e corte o álcool e nicotina.
Tenha um boa noite de sono.
Sentir-se cansado pode aumentar o estresse, favorecendo você a pensar irracionalmente. Você se sentira muito mais disposto após um boa noite de sono. (Segal e cols, 2016)
Meditação
É um excelente exercício de relaxamento.
Este método tem como base o desenvolvimento
da habilidade da respiração
Algumas outras vantagens associadas a esse método, é que ele promove um maior nível de relaxamento, aumento na retenção de energia, na capacidade de lidar com o estresse e de controlar as emoções. (faac.unesp)
Tratamentos:
Avaliação médica: medicação
Avaliação psicológica:
- Psicoterapia convencional
- Psicoterapia com hipnose
Teste
Como você lida com o estresse em sua vida?
Conheço pessoas em que posso confiar quando estou me sentindo sob pressão e que me fazem sentir melhor.
Sinto-me à vontade para expressar como me sinto quando algo está me incomodando.
Em geral, me sinto no controle da minha vida e confiante na minha capacidade de lidar com as dificuldades.
Eu encontro razões para rir e se sentir grato, mesmo quando estou passando por dificuldades.
Não importa o quanto esteja ocupado, é prioridade para mim dormir, fazer exercício e comer corretamente.
Eu sou capaz de me acalmar quando eu me sinto derrotado
Cada resposta "sim" representa uma importante habilidade enfrentamento do estresse. Cada "não" representa uma área que você precisa trabalhar para tornar-se mais resiliente. (Segal e cols, 2016)
Cada "não" representa uma área que você precisa trabalhar para tornar-se mais resiliente. (Segal e cols, 2016)
Palavras finais:
Não vamos conseguir fugir dos “estresses” dos nossos compromissos diários. E, conforme observamos existem vários meios à nossa disposição que podem nos ajudar adquirir habilidades para melhorar nossa resistência física e mental frente aos “agentes estressores”. Aprender a compreendê-los e administrá-los, poderá ser uma forma eficiente para alcançarmos uma vida mais equilibrada e saudável.
Referências:
Lapa, Hugo, Subpersonalidades, (2016), disponível em: http://www.portaldoespiritualismo.com.br/, acesso, 15/02/2016
Margis e cols., 2003Relação entre estressores, estresse e ansiedade, , disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rprs/v25s1/a08v25s1, acesso: 12/11/2015
Ballone, GJ, Estresse - O que é isso?, 2015, disponível em: ww.psiqweb.med.br, acesso: 18/12/2015
4 tips to change the way you deal with stress
Donna M. White, LMHC, CACP
sychcentral.com/lib/4-tips-to-change-the-way-you-deal-with-stress/
(http://www4.faac.unesp.br/)
Stress Symptoms, Signs, and Causes Jeanne Segal, Ph.D., Melinda Smith, M.A., Robert Segal, M.A., and Lawrence Robinson. Last updated: April 2016. http://www.helpguide.org/articles/stress/stress-symptoms-causes-and-effects.htm
Sintomas do Stress, sinais e causas, disponível em:
http://www.narrativabipolar.com/2016/02/sintomas-de-stress-sinais-e-causas_12.html, acesso, 23/11/2015
Prevenção de Estresse, 2015, disponível em: www4.faac.unesp.br/pesquisa/nos/alegria/estresse/prevencao_tratamento.ht, acesso, 05/01/2016
Estresse: conheça o lado positivo, por Nathalei Ayres, Aretusa dos Passos Baechtold, Marisa de Abreu, 2016, disponível em: http://www.minhavida.com.br/bem-estar/galerias/16890-estresse-conheca-o-lado-positivo, acesso: 28/01/2016
Entendendo o Estresse: Sintomas, Causas e Efeitos, 2012, disponível em: http://autoajudaemfoco.com.br/estresse-ansiedade/entendendo-o-estresse-sintomas-causas-e-efeitos, acesso: 17/011/2015
O conceito de stress, disponível em: http://labs.icb.ufmg.br/lpf/revista/revista1/volume1_estresse/cap2_conceito.htm, acesso: 28/01/2016
Carvalho, Ana Paula Gonsalves, A influencia dos stress mo mototaxistas de Teixeira de Freitas/BA, disponível em: http://netrantransito.com.br/, acesso, 10/11/2015
Moraes, Ana Paula, Pacheco, Stresse, sintomas físicos e psicológicos, 2014, disponível em: http://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/97433/moraes_app_me_bauru_prot.pdf?sequence=1, acesso: 12/11/2015